Quem fala?
É o Magala. Onde estás pá?
Tou no Paulino a ser julgado na Praça Pública.
Tás mas é bêbado, vai-te kilhar.
Antão tu num foste à homenagem ao Sá Carneiro?
Num pude. Estou cum pigarro na garganta, de forma que precisei de vir cá matar o bicho. Tu foste?
Num fui, porque aquilo num dá tacho. Até logo que está aí o Tinho Trinca Espinhas que organizou aquilo com o Rojão.
Estás a precisar de vinho?
Não. Ainda tenho o último garrafão que trouxeste. Tchau Garrafão de Vinho.
Antão Tinho? Que tal correu a homenagem?
Chorei pra caramba.
Num digas!
Digo. Com o frio que estava até me vieram as lágrimas.
O Rambo apareceu?
No meio daquela gente toda nem deu pra reparar.
Ai estava muita gente?
Estava.
E foste tu que organizaste?
Fui eu e o Rojão.
Boa ideia. Como é que te foste lembrar dessa ideia?
Toda a minha carreira política como professor devo-a a Sá Carneiro.
Estás-me a chamar Sá Carneiro?
Não, não.
E antão? Conta lá como foi.
Estavam centenas de pessoas como podes ver na foto.
É muita malta, sem dúvida. Como é que conseguiste?
O Rojão levou o pessoal da JSD mais dois ou três gatos pingados.
Discursaste?
Discursei de improviso.
Num digas! Espectacular. Como é que conseguiste?
Foi fácil. Decorei como fazia na escola.
Ai sim. E o que disseste?
Foi assim:
“Sá Carneiro legou-nos um partido inquieto, cheio de seriedade e de serviço a uma causa com o objectivo de alcançar algo para a sociedade, e por isso não me conformo com o rumo que Portugal está a levar.”
Foi isso?
Foi.
Num percebi nada. E que mais?
O Rojão também discursou.
E o que disse esse moço? Bom moço, num é?
Ele disse que Sá Carneiro é um homem do Estado, com uma visão do Estado que era só dele. Não confundia a floresta com as árvores e vice-versa e que era portador de uma cultura que nunca chegou a entregar, porque o carteiro nunca mais apareceu. Mas tinha uma ideia clara para Portugal.
Muito bem esse Rojão.
Agora traduz o que ele disse que hoje estou muito cansadinho.
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