Quando são anunciadas entrevistas aos autarcas, confesso que já não espero nada de novo.
Para quem, como eles, estão há 14 anos, no caso do candidato Macedo Vieira, e 18 no do mestre-de-obras Aires Pereira, tudo o que se disser é retirado a papel químico de entrevistas anteriores.
Como elas se sucedem na média de 6 por ano, fácil é concluir que geram sistematicamente pouco interesse.
A última do mestre-de-obras Aires Pereira não fugiu à regra.
Repetitiva, pouco clara, mastigada, sem ideias novas e uma tendência doentia para se considerar vítima da oposição que o Partido Socialista desencadeia na Câmara, em particular na pessoa de Silva Garcia.
Será que o próprio não se apercebe que esse discurso já não convence os poveiros?
Será que ele não reparou que jornais como o “Póvoa Semanário” e o “Voz da Póvoa” têm vindo a descer em audiências, com o consequente cancelamento de assinaturas por parte de muitos leitores, que estão fartos de assistir à semanal distorção das notícias?
Do pouco interesse que a entrevista desperta, há um assunto que por ser tratado de forma tão anacrónica, de imediato despertou suspeitas por estas bandas.
A candidatura de Macedo Vieira.
Que razões existem para tornar público este assunto quando ainda estamos a dois anos das próximas autárquicas?
Em minha opinião só existe uma:
Aires Pereira ficaria imensamente satisfeito se pudesse livrar-se de Macedo Vieira.
Para tal teria de ter a certeza que aquele não se candidataria por outro partido.
Esse é o principal receio de Aires Pereira, porque criaria uma forte divisão no eleitorado social-democrata, tal como aconteceu com Manuel Vaz quando abandonou o CDS e se candidatou pelo PSD, lá atrás em 1990.
E os seus receios são fundados:
1- São públicos os diversos desentendimentos entre ambos;
2- Ambos ficaram em lados diferentes das barricadas social-democratas;
3- Macedo Vieira, homem que pugna a sua acção política pela coerência, já deixou subentendido que abandonará o PSD. Se o leitor puxar da memória lembrar-se-á que Macedo Vieira entrou para as fileiras do partido, por ser Marques Menses o líder, porque se fosse Santana Lopes não o faria. Está escrito!
Que teria Aires Pereira de fazer, como o fez, aliás, nas suas declarações a uma Rádio local?
Passar a decisão relativamente à sua candidatura pelo PSD para Macedo Vieira e, desta forma, encostá-lo à parede.
Se Macedo Vieira se candidatar por outro partido não foi porque não tenha sido convidado pelo PSD, o que motivará a animosidade dos eleitores laranja que verão, desta forma, em Macedo um “salta pocinhas”, um oportunista, um agarrado ao poder.
Resta saber se o candidato Macedo continua a manter a veia ganhadora que o caracterizou.
Da minha parte não tenho qualquer dúvida:
O candidato Macedo está longe da aceitação que teve no passado recente.
Se essa aceitação ainda permite ganhar eleições é algo que permanece em dúvida.
A humilhação pública do candidato Macedo Vieira seria incomensurável perante uma derrota em eleições autárquicas.
Sem comentários:
Enviar um comentário